Agenciamento de carros vira alternativa rentável para quem procura diversificar aplicações
O setor de agenciamento de veículos tem se destacado como uma promissora oportunidade de investimento no mercado automobilístico. Envolve a aquisição de automóveis, por parte de investidores, que posteriormente são fornecidos a locadoras especializadas. Elas, por sua vez, assumem a responsabilidade de alugar os carros para terceiros, criando um modelo de negócio lucrativo e de baixo risco para os proprietários dos veículos.
A dinâmica é simples: um investidor adquire um ou mais automóveis e entrega esses ativos a uma locadora de veículos. A empresa se encarrega de toda a logística, manutenção e locação dos veículos, garantindo ao investidor uma renda passiva. Esse modelo de negócio é atraente para aqueles que buscam diversificar suas fontes de renda sem a necessidade de se envolver diretamente na operação diária do serviço de aluguel de automóveis.
“A pessoa tem um veículo, e a gente atua como se fosse uma imobiliária. Quem tem um veículo deixa para que a gente faça a locação para motorista de aplicativo, por exemplo. Atendemos toda a parte operacional, desde a locação, recebimento, cobrança, gerenciamento de multas, até manutenções. Aí é feito um repasse para o proprietário do carro por mês ou semanalmente”, explica Felipe Cirino, da Zoccus Aluguel de Carros.
Sobre a viabilidade do agenciamento como investimento, ele comenta que depende de pessoa para pessoa. “Tudo depende do veículo, do modelo e dos gastos com ele”. Cirino também destaca que, normalmente, os veículos são destinados a motoristas de aplicativos, devendo ter no máximo 10 anos de uso, sendo que os carros mais novos demandam menos manutenção. “Vamos pegar o exemplo de um motorista de aplicativo que paga R$ 600 por semana em um Kwid ou R$ 650 no HB20. Como o HB20 é bem mais caro, você tem que fazer conta”.
De dois a 17 veículos
Thiago Braga, comerciante e investidor em veículos, escolheu esse tipo de investimento por ser uma renda passiva. “Imóveis para alugar não compensam tanto quanto investir em carros. Com o valor de uma casa, você pode comprar vários carros e obter um retorno maior. Com R$ 300 mil, você compra oito ou nove carros e ganha muito mais que isso”, argumenta.
Ele começou no negócio há três anos com dois carros para vender, mas decidiu alugá-los, e agora possui 17 veículos. O investidor destaca a liquidez como uma vantagem. “Se você precisar de dinheiro rápido, pode vender um carro, o que é mais fácil que vender uma casa”.
‘É uma renda passiva, que trabalha por você’
Outro investidor ouvido pela reportagem, Rafael Marques Silva, iniciou no agenciamento de veículos por considerar um negócio de baixo risco. “É uma renda passiva, que trabalha por você. Tenho outra atividade, então é um complemento de renda”. Silva possui dois carros e acredita que o investimento é seguro e oferece um bom retorno mensal de cerca de 5% do valor do automóvel. Ele destaca que, ao comparar com outros investimentos, como montar um comércio, os veículos oferecem uma rentabilidade previsível.
‘Até agora só gastei com manutenção preventiva’
Sócio de Rafael Silva em um bar, Alisson Fuentes Benega começou recentemente no agenciamento de veículos e reconhece os desafios e a necessidade de manutenção, mas vê potencial no investimento. “É uma aposta que a gente faz de comprar o carro e investir. Pode ser que dê certo, pode ser que não. Quanto mais divulgar isso, maior a concorrência, e mais cai o lucro. Mas até agora só gastei com a manutenção preventiva que fiz antes de entregar o carro para locação”, afirma.
Concorrência é desafio, diz economista
Marcos Rambalducci, economista e professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), questiona a sustentabilidade desse modelo de negócio em um mercado competitivo. “A eficiência e a margem de lucro podem ser comprometidas pela presença de intermediários, tornando este modelo menos viável a longo prazo”, alerta. Segundo ele, a rentabilidade depende dos locatários e do nicho de mercado atendido pela locadora. Rambalducci destaca que a concorrência acirrada e a sensibilidade do cliente ao preço são desafios. Ele sugere que, enquanto o retorno for positivo, vale a pena manter o investimento, mas recomenda diversificação do portfólio.
O crescimento desse segmento está atrelado a diversos fatores, como a alta demanda por serviços de aluguel de veículos, especialmente em áreas urbanas e destinos turísticos. Investir em agenciamento de veículos apresenta várias vantagens, como a redução dos riscos operacionais e a estabilidade das receitas provenientes do aluguel. No entanto, é essencial selecionar locadoras de confiança e considerar a depreciação dos veículos e as condições do mercado local de aluguel.
Vitor Ogawa
Foto: Vitor Ogawa