Ordem religiosa inicia construção de templo em terreno na Harry Prochet após transação avaliada em R$ 54 milhões
Vitor Ogawa/Especial para o Paraná Norte
Foto: Divulgação
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias iniciou nesta semana a construção do seu templo de aproximadamente 2.972 m2 na Avenida Harry Prochet, no Jardim São Jorge (zona sul). Denominado pela instituição como Templo de Londrina Brasil, a edificação será térrea e ficará em uma área de 28 mil metros quadrados, naquela que foi considerada a maior transação imobiliária em área urbana de Londrina (na foto acima, o projeto do templo em Londrina).
A compra realizada há dois anos foi avaliada na época em torno de R$ 54 milhões, segundo o imobiliarista Raul Fulgêncio, que foi quem fez a intermediação do negócio. A “casa do Senhor” em Londrina foi anunciada pelo presidente da Igreja de Jesus Cristo, Russell M. Nelson, em outubro de 2022, mesmo dia em que anunciou a construção de templo semelhante em Ribeirão Preto (SP).

Os Santos dos Últimos Dias consideram os templos como a “casa do Senhor” e o lugar mais sagrado de adoração na terra. Os espaços são diferentes das capelas da Igreja. Existem 1,5 milhão de Santos dos Últimos Dias no Brasil em mais de 2.100 congregações. O trabalho missionário começou em 1928 no país. Incluindo os templos em Londrina, Ribeirão Preto e Santos, são 18 casas do Senhor no Brasil, com espaços dedicados em Belém, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo; outros quatro estão em construção em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo Leste e Salvador. Há ainda unidades que serão construídas em Maceió e Vitória.
Londrina e região
De acordo com Flávio da Silva Pedroso, membro da Igreja de Jesus e secretário da atual unidade londrinense, o local terá essa área grande para receber pessoas não só da cidade, mas de toda a região também. “Somente em Londrina eu acredito que deva ter pelo menos uns 5 mil membros da igreja. A capacidade do templo daria no total para um público entre 300 a 400 pessoas. Em cada convênio (equivalente ao sacramento da Igreja Católica) podemos atender 50 pessoas por vez e são várias salas assim”, explica.
Ele antecipa que antes da inauguração o templo será aberto para visitação pública a todas as pessoas, não importando religião e crença. “Isso possibilita que todos possam ir lá conhecer e saber um pouco de nossa fé e ver como é um templo por dentro. Após a inauguração essas visitas não serão autorizadas e ele se torna exclusivo para membros”, afirma Pedroso.
Associação de moradores aprova obra
Os moradores dos Jardins Granville, Itatiaia, Mediterrâneo e Tucano, que são os bairros situados no entorno da área onde será erguido o templo, fizeram uma reunião da Associação de Moradores do Vale dos Tucanos com os representantes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias para que fossem esclarecidos os impactos desse empreendimento. O presidente da associação, Rubens Ventura, diz que a receptividade à obra é muito grande. “O templo é um equipamento que não vai impactar muita gente, como atesta o estudo de impacto de vizinhança”, aponta. “Eles convidaram os vizinhos, inclusive todos os vizinhos lindeiros, conversaram e se prontificaram a receber qualquer reclamação que porventura aconteça. Pelo menos a gente não tem ouvido reclamação”, garante.

Ventura revela que a expectativa é que a obra seja muito bonita e que pode representar muito bem o bairro e a cidade. “Ela valoriza todo o espaço histórico que começou a ser formado depois da geada de 1975, e em 1978 já tiveram os loteamentos. Demorou muito para chegar a esse ponto de valorização e isso não pode ser depredado. A igreja só pagou uma expressiva quantia pelo terreno porque a vizinhança era ZR-1 [zona residencial 1, que permite imóveis de uso residencial individual ou coletivo, ou de apoio-residencial].” O presidente da associação de moradores ressalta que a vizinhança defende que se mantenha esse tipo de zoneamento para não desvirtuar a forma de uso do bairro. “É isso que faz a defesa da nossa associação de moradores, porque trouxe esse privilégio de ter essa estrutura que enobrece a cidade de Londrina.”
Ele aponta que a maior preocupação é pela impermeabilização do solo, porque as chuvas se concentram muito e toda a água desce até a avenida Dez de Dezembro, na entrada do parque Arthur Thomas. “A prefeitura precisa estar com essa preocupação porque uma chuva de 50mm é capaz de gerar uma enchente acentuada na parte inferior do bairro”, projeta. (V.O.)
Ippul discute impactos no trânsito
O diretor-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Gilmar Domingues Pereira, participou de uma reunião na quarta-feira (24) com representantes da Associação de Moradores do Vale dos Tucanos para discutir o impacto que a construção do templo pode causar no trânsito da região, já que o empreendimento ficará bem no ponto onde existe uma rotatória (Avenida Harry Prochet com rua Vila Lobos). Segundo ele afirma ao Paraná Norte, o estudo preliminar prevê a readequação de geometria da rotatória e a implantação de uma série de intervenções, como algumas proibições de conversões à esquerda. A proposta do Ippul prevê que nas ruas Juvenal Borges de Macedo e Vila-Lobos ocorra uma intervenção bem grande de geometria. “Esse projeto está em uma fase de avaliação. Estou pedindo uma contagem volumétrica naquele lugar, a ser realizada com o auxílio de um drone, porque precisamos avaliar todos os movimentos possíveis.”
O professor de Geografia da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Carlos Alberto Hirata explica que normalmente há no pedido de liberação encaminhado à prefeitura para a construção de obras um estudo de impacto de vizinhança. “A atividade de natureza religiosa é sempre positiva em relação a outros tipos de atividade de maior potencial de geração de tráfego e de ruídos. Às vezes, é da natureza dos cultos que haja cânticos e festividade, mas isso ocorre eventualmente”, diz. (V.O.)